quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Ser do Bairro

Antes do 1º jogo oficial da época, publico este texto de autoria do Daniel Caeiro (espero que não se importe de eu publicar, mas está excelente), que mostra de que o CRBJ é feito.

Ser do Bairro
(Daniel Caeiro)

Existe uma grande diferença entre jogar no Bairro, ir ao Bairro e ser do Bairro. Se por esta altura ainda te questionas o que é o Bairro, então provavelmente só “jogas” no Bairro ou só vais ao Bairro (e se ainda existem dúvidas, não, não estou a falar do Bairro Alto).Ser do Bairro é algo que não se explica decentemente através de palavras. Tal como dificilmente explicas o que significa fazer parte da tua família. Porque no fundo ser do Bairro é isso mesmo, é pertencer a uma família. E não interessa se és o melhor jogador, se és rico, pobre, filho único ou filho do presidente da Junta. Não “és” do Bairro porque queres, serás do Bairro se o mereceres. Se fores um irmão. Se levantares o teu irmão do chão quando este cai. Se o aplaudires e incentivares quando ele falha. Se falhares e mesmo assim fores o primeiro a voltar para defender a tua equipa. Se corres mais um pouco mesmo quando todos os músculos do teu corpo te pedem para não o fazeres. Se não baixas os braços e não deixas que os teus irmãos o façam. Se o colectivo valer mais que o individual. Se realmente acreditares que a tua equipa é uma extensão de ti próprio.Para seres do Bairro tens de saber ouvir. Saber que existe alguém que te pode e quer ajudar. Alguém que vai gritar contigo, abanar-te porque quer o melhor para a equipa e consequentemente o melhor para ti. Alguém que não te deixará no chão. Que te levantará. Que chorará contigo e em igual proporção festejará também.O que nos torna uma família não são as vitórias. Nem as (poucas) derrotas. É o querer estar. Uns com os outros. E dai surgem as vitórias. Não são os campeonatos ou os escalões. O Bairro é o Bairro nos regionais ou nos nacionais. O que nos torna no Bairro é sorrir e festejar quando alguém é pai, quando alguém consegue o primeiro emprego, quando alguém consegue algo pelo qual lutou. O que nos torna no Bairro são também as tristezas. Saber que nada importa e que tudo pára para se estar com um irmão que de nós precisa no pior dos momentos.Partilhamos tudo e isso torna-nos diferentes. Vivemos tudo em conjunto e isso faz-nos equipa. Confiamos cegamente. Sabemos que se atacarmos entre o 1º e o 2º o nosso pivot entrará nas costas. Podemos fazer o passe sem pensar. Estará lá a minha extensão para o apanhar. E esperamos, todos como se fossemos nós próprios, que ele marque. Se não o fizer, gritamos. Pra próxima não falhas. Agora importa é defender.Somos diferentes e poucos conseguem entender porque. E ainda bem. Porque não se explica. Vive-se e sente-se todos os dias. Sente-se saudade de estar lá. E mesmo que só se volte ao fim de 10, 20 ou 30 anos é como se nunca tivéssemos percorrido outro caminho. É como se tivéssemos apenas faltado a um treino.Mais do que um Clube, somos uma família, com um símbolo tatuado no peito, que queima de orgulho cada vez que veste a nossa camisola e se grita:

Unidos pelo C.R.B.J.! Banzai! Banzai! Banzai!”

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